Nem mesmo o cancelamento da luta entre
Wanderlei Silva e
Vitor Belfort serviu para dar uma trégua na briga verbal entre eles do lado de fora do octógono. Muito pelo contrário. A lesão na mão do treinador da equipe verde do
The Ultimate Fighter Brasil - Em busca de campeões contribuiu para uma nova série de alfinetadas de ambas as partes. Primeiro, o "Cachorro Louco"
chamou o desafeto de "fanfarrão" e sugeriu que ele pudesse estar forjando a lesão para não ter de enfrentá-lo. Belfort não ficou atrás e disse que o oponente estava
fazendo marketing em cima da fatalidade. Desta vez, em nova entrevista ao
SPORTV.COM, Wanderlei até tentou se conter, mas não conseguiu. E deixou claro que, se depender dele, o esperado combate entre os dois foi apenas adiado:
- Ele pode falar o que quiser. Só vou falar a respeito dele se for marcada a luta entre a gente. Não quero nem me referir mais a essa pessoa. (longa pausa) Depois de ter feito esse papelão, é muita cara de pau querer falar alguma coisa. Quem está fazendo marketing é ele. Agora que conseguiu escapar da luta fica falando. Teve uma atitude irresponsável, tanto pelo que fala quanto pelo que faz. Fica nessa de "ah, não sabia que o cara era amigo do outro, que não sei o que mais...". Sempre assim, fala sério. Fica querendo falar as coisas agora. Ele que fique quietinho e se recupere, que vou pegá-lo em uma próxima ocasião. O que é dele está guardado. Escapou de uma boa. Estou prontinho, com o jogo dele estudado. Ele não iria passar do terceiro round comigo - disse, por telefone.
Apesar da vontade contrária da maioria dos fãs, Wanderlei preferiu continuar no card do UFC 147, no dia 23 de junho, em Belo Horizonte, e enfrentar um novo adversário: o americano Rich Franklin, ex-campeão dos médios do Ultimate. Em
enquete realizada pelo
SPORTV.COM sobre quem deveria ser o substituto de Vitor Belfort, que teve aproximadamente 18 mil votos em apenas 24 horas, ganhou de forma tranquila a opção de que Wand deveria ser retirado do evento para ficar à espera do desafeto. Ele explicou o porquê da escolha:
- Quando eu assino contrato para lutar, não posso deixar os fãs na mão. Muitos dos milhares de fãs que compraram ingresso querem me ver. Óbvio que, assim como eu, muitos queriam ver a luta contra o Belfort. Mas muita gente sonha ver uma luta do Wanderlei ao vivo, para ver o que vou apresentar. Quando falo que vou lutar, vou lutar. Não tinha como ficar fora desse evento principal no Brasil. É um sonho para mim, não poderia fugir da responsabilidade de estar pronto no dia para esse combate.
O lutador afirmou ainda que tem tido vida dura com o amigo Mauricio Shogun nos treinamentos e elogiou a escolha de Franklin como novo oponente. Eles já se enfrentaram no UFC 99, em junho de 2009, e o americano venceu por decisão unânime dos jurados. Wand acredita ter ganhado aquela luta, mas agora não quer correr o risco de deixar o resultado nas mãos dos juízes. Uma coisa ele já sabe: se ganhar diante do público brasileiro, não vai conseguir segurar o choro.
SPORTV.COM: O que achou da vitória do Sarafian sobre o Serginho no último episódio do TUF?
WANDERLEI SILVA: Foi uma luta boa. O Sarafian conseguiu escapar do chão do Serginho. Ele merece estar na final.
A joelhada que o Sarafian aplicou para nocautear te lembrou um pouco o seu próprio estilo?
Mais ou menos. Eu não dou muito aquele tipo de joelhada, mas foi plasticamente muito bonito.
O Sarafian tem recebido muitos elogios nas redes sociais. Como você o analisa? Acha que ele pode se dar bem no UFC?
Todo mundo ali no programa tem chance, não só ele. Tem que ver.
Quem te impressionou em especial?Massaranduba, Macarrão, Pé de Chumbo, Serginho... Cada um é bom em uma coisa. Potencial todos têm, tem que saber quem vai treinar mais e melhor daqui em diante.
É aquela história, treinar com ele é dificil. Se você aguenta o Shogun, o adversário fica fácil. É bom treinar com ele, mas nada agradável"
Wanderlei, aos risos, sobre treinos com Shogun
Como está o camp em Curitiba? Está treinando diretamente com o Shogun?
Estou treinando com o Shogun e o André Dida. O Rafael (Cordeiro) está chegando com o (Fabricio) Werdum. Está muito bom, o treino está duro, tem rapaziada nova aqui. Estou fazendo também jiu-jítsu com o Serginho. A qualidade ténica é muito boa, e a equipe é muito promissora. Quem é de Curitiba não pode peder a oportunidade de vir treinar aqui.
Por que você decidiu terminar o camp no Brasil desta vez?
Eu fiz um mês na academia lá dos Estados Unidos. Sou aqui de Curitiba, o Dida estava aqui e disse que tinha uma rapaziada boa. Aí uni o útil ao agradável. O material humano é muito bom. É um dos melhores camps que já fiz até hoje.
Você tem uma relação próxima com o Shogun?
O Shogun é parceiro, treinamos juntos há quase dez anos. Ele é super habilidoso, gente boa, para mim é sempre um prazer treinar com ele. É aquela história, treinar com ele é dificil. Se você aguenta o Shogun, o adversário fica fácil. É bom treinar com ele, mas nada agradável (risos). O cara é duro, bom em pé e no chão. Ele tem tudo para recuperar o cinturão dos meio-pesados. Acho que ele realmente pode ganhar do Jon Jones.
Agora, com a cabeça mais fria, qual sua visão sobre a lesão do Vitor Belfort?
Acho que foi uma irresponsabilidade. Ele deveria ter tomado mais cuidado no treino. Quando se está treinando para um evento, ainda mais uma luta principal como essa, tem que tomar muito mais cuidado do que para outras lutas. Muita gente comprou ingresso, passagem de avião, e como fica essa rapaziada? Foi uma falta de responsabilidade com o público.
Você acha que a luta entre vocês foi só adiada ou não vai mais acontecer no futuro?
Como vou te dizer? Quero muito lutar contra ele, vamos ver se vai acontecer mais para a frente. Estou pronto agora, mas óbvio que luto na hora em que ele quiser.
O Vitor reclamou ao dizer que você fez marketing em cima da lesão dele. O que pensa sobre isso?
Ah, ele fala o que quiser. Não penso nada a respeito dele. Ele viajou.
Ele também disse que vocês lutariam em 2011, mas você recusou e preferiu enfrentar o Chris Leben. Confere?
Ele pode falar o que quiser. Só vou falar a respeito dele se for marcada a luta entre a gente. Não quero nem me referir mais a essa pessoa. (longa pausa) Depois de ter feito esse papelão, é muita cara de pau querer falar alguma coisa. Quem está fazendo marketing é ele. Agora que conseguiu escapar da luta fica falando. Teve uma atitude irresponsável, tanto pelo que fala quanto pelo que faz. Fica nessa de "ah, não sabia que o cara era amigo do outro, que não sei o que mais...". Sempre assim, fala sério (Wand se refere ao fato de Belfort ter colocado os amigos Jason e Gasparzinho para lutar no TUF). Fica querendo falar as coisas agora. Ele que fique quietinho e se recupere, que vou pegá-lo em uma próxima ocasião. O que é dele está guardado. Escapou de uma boa. Estou prontinho, com o jogo dele estudado. Ele não iria passar do terceiro round comigo.
O que achou da escolha do Rich Franklin?
Achei muito boa. Ele é digno de fazer essa luta. O evento ficou em uma posição difícil, tinha que achar um cara do mesmo nível, do mesmo padrão, e que aceitasse lutar daqui a três semanas. Ele se encaixou em todos os quesitos, foi muito bem escolhido. Já Lutamos no UFC 99, fizemos uma das melhores lutas do ano. Quero um resultado diferente agora. Eu acho que ganhei aquela luta, mas tem que respeitar a opinião dos juízes. Agora não quero deixar dúvida.
Dividida? Não sei não. Acho que a galera iria torcer mais para mim, hein (risos)?"
Sobre a torcida ficar dividida se a luta fosse contra Vitor Belfort
Muda alguma coisa no treino com essa troca de adversário, ou os estilos do Vitor e do Franklin são parecidos?
Muda um pouco. Os dois são canhotos, já facilita bastante, são trocadores. Mas muda sim, já estou me preparando para as coisas a mais que ele faz. Estou estudando o jogo dele.
Dentre as opções cabíveis para substituir o Belfort, achou que o Franklin era a melhor mesmo? Tinha ainda o Toquinho, entre outros...
Quem decide não sou eu, né? Foi o primeiro que me ofereceram, e eu aceitei. Se está bom para o evento, está bom para mim.
O que tirou de aprendizado daquela derrota para o Rich Franklin?Não deixar a luta na mão dos juízes. Eu tenho que fazer o resultado. Se não fizer, tudo pode acontecer.
O SPORTV.COM fez uma enquete sobre quem deveria substituir o Belfort, e ganhou facilmente a opção de te tirar do UFC 147 para te deixar na espera pelo Vitor. Esse resultado te surpreende?
Quando eu assino contrato para lutar, não posso deixar os fãs na mão. Muitos dos milhares de fãs que compraram ingresso querem me ver. Óbvio que, assim como eu, muitos queriam ver a luta contra o Belfort. Mas muita gente sonha em ver uma luta do Wanderlei ao vivo, para ver o que vou apresentar. Quando falo que vou lutar, vou lutar. Não tinha como ficar fora desse evento principal no Brasil. É um sonho para mim, não poderia fugir da responsabilidade de estar pronto no dia para esse combate.
Em algum momento você pensou em ficar à espera do Vitor ou jamais?
Jamais isso passou pela minha cabeça. Estou pronto e treinando há mais de dois meses. Fiquei um mês na minha academia e um mês na Califórnia, longe do meu filho, da minha esposa. Sacrifica muito a família. Depois de ter feito tudo isso, não ia ficar fora para esperar. Ele que corra atrás agora, porque eu vou lá e vou fazer o meu serviço.
Agora a torcida será toda a seu favor, e não mais dividida com o Belfort. Isso vai fazer alguma diferença?
Dividida? Não sei não. Acho que a galera iria torcer mais para mim, hein (risos)? Agora, se eu vir alguém com a camisa do Franklin vou pegar lá fora (risos). Estou brincando! Essa coisa do nosso esporte é interessante. Os fãs de MMA são muito polidos e disciplinados. Nunca tivemos um caso de violência de torcida no UFC. Mesmo que houvesse alguém torcendo para o meu oponente, não haveria problema algum. Mas, se tiver torcida para o Franklin... Só se ele trouxer algum primo, cunhado, ou a esposa (risos). Espero que todos torçam por mim.
O que o povo brasileiro pode esperar do Wanderlei Silva no Brasil?
Poxa, vou chorar de emoção se ganhar (risos). Quero sentir a energia dos fãs aqui. Estou muito feliz, é um sonho que estou relizando de voltar para cá. Esse camp na minha cidade... Do pessoal (os lutadores) que mora lá fora eu sou o mais brasileiro que existe. Espero fazer um grande espetáculo, dar aos fãs o show que eles merecem.