terça-feira, 24 de julho de 2012

Judô: Samurais a serviço da equipe olímpica

Aos 22 anos, Camila Minakawa esteve presente na preparação da equipe olímpica para Pequim 2008 (com Danielli Yuri) e repete a dose agora com Maria Portela às vésperas dos Jogos de Londres. Medalha de bronze no Mundial Júnior e pódios conquistados pela equipe principal, Camila Minakawa se emociona ao falar de seu papel (e de outros 17 jovens judocas da equipe de apoio) durante os treinamentos em Sheffield.
“Samurai quer dizer aquele que serve. E é isso que fazemos pelos atletas olímpicos: servimos a eles, nos doamos totalmente”, diz Camila.
Os 18 ukes (parceiro de treino, na terminologia japonesa) foram escolhidos pela comissão técnica com base numa lista tripla apresentada por cada um dos atletas olímpicos. O requisito é que tivesse menos de 23 anos e passagem por seleções de base, com intuito a contribuir também com a formação destes visando aos Jogos do Rio de Janeiro em 2016.
“É uma honra estar aqui. A Maria Portela é uma grande amiga. Estou aqui para fazer tudo para ela e por ela. A energia dela é contagiante”, elogia Camila Minakawa.
São dezenas, centenas de quedas por sessão de treino. Mas a motivação não muda. Os ukes sabem que este momento faz parte da própria se sua própria evolução como judoca. Bons exemplos não faltam.
“No meio dos anos 90, boa parte da seleção feminina vinha de Santos. Eu era garotinho e caia muito para Danielle Zangrando, Tânia Ferreira, Cátia Maia, Andreia Berti… É um processo natural na vida do judoca”, diz o duas vezes medalhista olímpico Leandro Guilheiro, que convocou o santista Andrey Pirolo para auxiliar os trabalhos para Londres. “Se eles forem observadores vão saber aproveitar a oportunidade para crescer”, ensina.
Rafaela Silva e Felipe Kitadai, hoje titulares do Brasil nas Olimpíadas, certamente souberam aproveitar a oportunidade. Eles integravam a equipe júnior que deu suporte à preparação para Pequim.
“Fui jogado pelo Denílson Lourenço, pelo João Derly, pelo Leandro Guilheiro e até pelo Tiago Camilo na aclimatação no Japão. Doía. Mas ali era o melhor momento da minha vida até então. Com certeza ajudou no caminho para me chegar à seleção”, comenta o ligeiro Kitadai. “Ser uke é o mais perto que um judoca pode chegar do sonho olímpico sem ser titular da seleção. É preciso saber aproveitar”, completa.
“Gostei de ter tido a experiência em Pequim. Sabia que não ia competir os Jogos ali, mas era um momento importante. Logo depois fui campeã mundial júnior. E hoje estou do outro lado, como tori (termo em japonês para designar aquele que completa a técnica usando o uke)”, diz a peso leve Rafaela Silva, de 20 anos.
Bruno Altoé, 22 anos, também está em sua segunda vivência olímpica. Em Pequim deu suporte a Eduardo Santos e, hoje, acompanha Luciano Correa.
“É maravilhoso. A recompensa é maior do que o sacrifício. Vivemos a Olimpíada de perto. Em Sheffield, temos tudo o que a seleção principal tem”, comenta Bruno Altoé. “A relação com o tori é de muita confiança e troca de energia. Se eles ganharem uma medalha, nos sentiremos parte também. Vai ser um momento mágico”, acredita o mineiro.
O gaúcho Afonso Baldigen, 19 anos, vai além:
“Estando numa aclimatação com a seleção olímpica vemos que não há nenhum bicho de sete cabeças e nos motiva ainda mais em conquistar uma vaga para os Jogos do Rio em 2016″, diz o meio-leve, que treinava com o bicampeão mundial João Derly em seu clube antes de Pequim.
Lutando pela vaga com Bruno Mendonça no peso leve, Alex Pombo resume a questão:
“Fazemos com os atletas olímpicos e que gostaríamos que fizessem com a gente. O importante é eles irem para Londres com a sensação de que não faltou nada”, encerra Pombo, que comemorou 24 anos neste sábado em Sheffield.

Fonte: Final Sports

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